Brincam com as
palavras, um mero jogo. Atiram-nas com toda a fora que os vossos pequenos
braços permitem, cospem em cima delas como se não tivessem qualquer valor e por
fim colam-lhes um laço e enviam-nas para um mundo algo próximo do vosso.
No meu mundo,
eu construo paredes, pinto-as com uma cor dócil e clara, colo fotografias,
momentos, beijos, sorrisos, abraços. No meu mundo, eu faço chão com as minhas
mãos, eu não fi-lo em seis dias como Deus, eu não sou Deus. Eu fui fazendo, uma
viga aqui e uma porta ali. Vou abrindo-as, explorando o espaço que um dia me
deram. Gosto de pensar que é um grande muro, o meu resguardo. Ofereceram-mo
quando ele não era maior que o meu polegar, eu fui crescendo, vendo mundos,
assoprando velas … Fui vendo, lendo, construindo. É o meu lugar. Só meu.
Não gosto que
enviem palavras sujas, frias, acres, repelentes. Não as quero na minha parede,
penduradas ao pé daquilo a que posso considerar amor, talvez amizade? Ainda não
sei o que isso é. Quando penso que descubro, passam-me para as mãos um embrulho
bonito e o que vem lá dentro? As palavras acres, mergulhadas na vossa saliva
amarga.
Gostava de
saber o que é, senti-lo! Não aqueles momentos perdidos no tempo sem qualquer
ligação a um fio condutor, não são aqueles momentos que não ficam cravados, ou
não deixam memória. Não são desses que eu quero.
Os que eu quero? São aqueles
sobre quais os poetas escrevem, os filmes são realizados, as canções são
escritas. Porque desses eu não me lembro de viver.
Eu não quero
desses pendurados na corda da roupa, eu na corda da roupa quero pendurar não um,
mas mil conjunturas, mil instantes coordenados, mais importante que tudo isso …
que tenham continuação.
São desses que
eu quero.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui o teu primeiro impulso.