Ganhei forças
e voltei a enlaçar os seus braços voláteis e quentes em redor do meu pescoço.
As suas pernas estavam tão dóceis que me escorregavam por entre os dedos, o seu
cabelo desta vez cheirava a ironia, sarcasmo, talvez a escárnio, cheirava ao
“odeio-te” que sabe a “amo-te”, cheirava a todas essas palavras que eu lhe
queria gritar, mas que não tivera oportunidade e audácia para tal. Mas no
fundo, o que envolvia e ligava todas essas possíveis conjunturas era aquela
consciência, aquela afeição, aquele sentimento tão pequenino mas tão influente,
tão valioso para mim. Tão desprezível para ti. Talvez amor? As minhas pernas
teimosas não queriam percorrer as escadas, mas eu lutei contra elas a cada degrau
que subia, a cada passo que dava até chegar à rígida porta do teu quarto, à
dura fria cama que esperava por ti. Era insensato, cruel até, deixar-te ali
desamparada, sozinha ... quando o teu corpo chamava pelo meu. Mas eu não queria o
teu corpo, eu queria o teu coração, a tua cabeça, os teus pés, as tuas mãos.
Não o teu
físico, canastro, cortiço, corpo.
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