Os Contos da Ruiva

Ela adorava pasteis de nata, aquele travo doce, suave. Era o refugio para os dias negros como breu, para a chuva intercalada com palavras grosseiras e cruéis. Palavras essas, que acabara por abandonar.
 Acordara cedo, por livre vontade, não tinha nada que a prendesse e o dia completamente solto, vazio, livre ...
Penteou os cabelos ruivos, vestiu algo com a sua cara, simples, adorável, realmente bonito ... E saiu com um nó no estômago, mas o pior de tudo é que sentia que o mundo estava a ruir, mas sem sinais de destruição, algo parecido com sismos e vulcões e jorrar lava de tal modo efusiva, que criava rios e rios de dor.
Afugentou todos estes pensamentos derrotistas que traçavam um suave traço na sua forte personalidade e acabara por se sentar junto ao brilhante carrossel, junto a si, todo ele era magia. Comera o pastel de nata , apesar de tudo tinha esperança de se sentir melhor, queria dar uso ao seu belo riso, um tanto ou quanto estridente.
Mas a cada colherada que dava ,( sim a bela da ruiva, comia o pastel de nata a colher ), e era o melhor que lhe podiam oferecer. Mas não naquele dia, porque à medida que se aproximava do fim. Ora o fim do doce, assemelhava-se tanto ao seu fim. 
E os pontos foram para os i's. Acabou por vê-lo chegar, com a sua pose confiante, trazia na sua mão pasteis de nata, era inigualável , a fragrância do doce contida no seu cheiro. Mas soube tão bem, que aquele sim, era o principio do fim.
"Uma vez, num dia quente , dissera-lhe : Os pasteis de nata, são a tua segunda oportunidade"
Já pensara em revoltar-se contra ele, mas nunca que este fizesse com que se revoltasse contra algo que lhe trazia tanto agrado.
E a nobre ruiva, agora sem sangue nas veias naquele dia frio, acabou por lhe perguntar : - O que fizes-te comigo?

PS: Eu adoro pasteis de nata, e por sinal, também os como à colher (L)