Cheira a chuva

Nas ruas, cheira a chuva, o frio trespassa qualquer pessoa que se intrometa no seu caminho e fere-a até esta não conseguir mais e acabar por desistir desta jornada resguardando-se por entre ruelas e esquinas apertadas, talvez com medo deste feroz e poderoso "alguém".
Em casa, cheira a lenha, a lenha a arder nas lareiras, criando aquele grande espectáculo, sim, aquele bailado das chamas , agradável e atencioso, que esgota em três tempos, é sabido que todos se atropelam para observar a empatia e a cumplicidade entre o fogo e todos os seus companheiros.
E quando está mais frio que nunca, é quando me sinto mais quente. Cheira a chuva e eu adoro essa fria sensação de estar mais perdida que nunca, sem norte , apenas com as gotas pesadas e frias a caírem na minha testa, o corpo tão leve quanto a mente. Assim como um balão de ar quente. E é nessas alturas que meto as mãos no fogo por ti, observo e bailado e digo-te que vai ficar tudo bem, porque vai mesmo ficar tudo bem.