Lua,
a Lua é um lugar agradável. Algo vazio.
Ando de certa
forma perdida, há dias que tento sentir o meu coração e não o encontro. Não o
encontro! Tento ouvi-lo bater, mas ele foge de mim! Foge de mim assim como os
meus pés também o fazem. Acham que não mereço ouvi-lo por isso afastam-me dele.
Pelo menos é
isso que eu penso. Por isso ando, vagueio descalça por um chão que não conheço,
não sei se será terra, alcatrão, azulejo, ou o que quer que seja. Sei que é
quente, mas que me esfria os pés ao mesmo tempo que os aquece. É algo doloroso
mas faz-me manter acordada. A única dor que tenho é nos olhos, que teimam em
fechar. Nos olhos, e dentro das veias do meu corpo, parece que o que o percorre
não é mais sangue mas sim algo venenoso que me faz cambalear. Sinto-me doente.
Nas mãos? Não
é dor, é dormência acompanhada por exuberância. Uma miscelânea de dor e calor. Não
consigo perceber o que.
Se for castigo,
suponho que o mereço.
Não encontro nenhum
espelho, gostava de ver o meu aspecto. Tenho um vestido que percorre o meu corpo
até aos pés algo cansados. Não consigo ver a cor porque tudo há minha volta é escuro.
Se pudesse olhar-me decerto viria uma palidez mortífera, uns olhos entreabertos,
e os cabelos molhados. Sinto-os molhados a escorrerem agua para os meus ombros.
Suponho que seja água, espero que seja água.
Não sabe a água.
Tenho a boca seca
e um pouco disso que me corre pelos cabelos, decerto saciava-me se não tivesse um
sabor tão intragável. Não o reconheço. Estou feliz por isso.
Estou cansada.
Não o oiço. Gostava
de o ouvir, far-me-ia bem, dar-me-ia alguma força. Onde estão todos?
Estou cansada.
Não o oiço.
Na lua não há som,
eu estudei isso! Não te oiço, mas bate, por favor bate!
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