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Drama é o meu nome do meio .

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domingo, 11 de dezembro de 2011

Ruiva: amostra

Querido Gabriel
Recebi a carta que me deixaste no correio, não sei se recebeste a minha, presumo que sim. Mandei-te uma outra, mas calculo que não a tenhas recebido e ainda bem. Um dia talvez te explique porquê.
São agora duas e meia da manhã e alguém roubou-me o sono por isso decidi dar-te a resposta que esperas e a que mereces também. Querias saber mais sobre mim? Chamo-me Clara Milkinees, Papoila é o que o meu pai me chamava quando era menina e pareceu-me bem dar-te a conhecer a Clara Papoilas, a Clara sem dramas, a Clara Papoilas com quem viveste doze intensas horas. Os dramas ficam para outro dia, para outra carta, talvez para outra vida. Quem sabe?
E a verdade é que eu nada ou muito pouco sei sobre ti. Ao contrário do que tu sabes sobre mim, ao que parece conheces-me muito melhor daquilo que eu julgava.
Mas porque é que nunca falas-te comigo?
Se o tivesses feito, eu teria te conhecido por esses três anos adentro, em vez de ter conhecido por aquelas doze horas adentro.Neste momento, abandonei o meu andar em Londres e voltei para a minha terra, voltei para a casa dos meus pais. América. Texas. Madisonville. Vivo numa quinta. Isto aqui não é como Londres, é exactamente o oposto de Londres e neste momento é onde eu quero estar.
Também tu voltaste para a tua casa? Portugal disseste-te tu? Lisboa? É para ai que te vou escrever. E se algum dia nos voltarmos a ver, eu aceitarei o convite e irei contigo ao teu restaurante preferido, um dia eu levo-te ao meu, se o destino assim o deixar. Irei deixar que me cortejes.

E que estranho é esta situação, não achas? Dois desconhecidos quase que presos um ao outro. Sou sincera Gabriel, acho que não sou aquilo que tu pensas que sou. Mas também vou deixar-te descobrir aquilo de que realmente eu sou feita e deixa que te diga que não é ouro, nem prata. É latão.

Se tu não me tivesses escrito eu iria guardar-te na minha memória, mas era ali que ias ficar para todo o sempre, porque eu nunca te iria tirar de lá para aquilo que seria a minha realidade.
Pareço-te confusa, não é?
É exactamente isso que sou, uma confusão. É uma confusão o que sou e o que eu vivo e vim para aqui porque queria deixar de ser essa confusão, queria deixar de ser o latão e passar a ser a prata ou o ouro. Confusão, não é? Um dia, talvez percebas que drama é o meu nome do meio.
Fico muito contente por teres voltado para Portugal, para a tua família. Gostava de ser tua amiga, de saber mais sobre ti. Estava a pensar, e que tal se nos escrevêssemos? Sei que na tua mente, vês-me como o amor da tua vida Gabriel, mas será que sou? Não me conheces.
Eu gosto dessa ideia, mas eu vejo isso como algo praticamente impossível, porque não me recordo do teu rosto. Perdoa-me, mas chega de mentiras. Será essa a base da nossa amizade, a verdade. Isto se quiseres ser meu amigo. Porque nada mais haverá entre nós agora.
É o melhor que te posso dar agora. Se me conhecesses melhor saberias que não dou nada de mão beijada e até que me orgulho disso.
Gostava de te conhecer melhor querido amigo.
Penso em ti como o melhor que há, mas será que é isso? Espero que sim. Anseio por uma resposta tua, gostava de saber o que pensas em relação a tudo isto.

De certo continuas jovem, apaixonado e belo.    

Com amor
Clara, a tua Ruiva






           PS: Um miminho.


1 comentário:

  1. Que saudades tinha eu disto !!!! Não da magia por de trás de todas as tuas palavras, que essa já a tens, qualquer que seja o tema porque que escreves, mas a Ruiva... É algo diferente, é um toque especial, um aroma fantástico que seduz e que nos deixa perder, ou pelo menos a mim, por um mundo mais bonito que este. Um mundo que nos vais dando às migalhas, mas que eu queria muito mais... Fico à espera de nos possas trazer em breve outro miminho destes. Está lindo, a sério!!! Beijinhos fofinha, ly

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