Estava parada no trânsito, perdida algures entre a ponte 25 de Abril (e que bela ponte), quando me deu um formigueiro na ponta dos dedos e percorri os bolsos em busca da minha guerreira - A caneta, marcada com retalhes dos meus dentes.
Senti um fogo na vista, os meus dentes rangeram e a tensão acumulou-se - Não tinha papel! Usei o jornal velho e tentei escrever, usei o isqueiro para me guiar nesta minha jornada, na minha desenfreada escrita. Tentando poupar os meus mirones, as luzes centrais da minha (ainda) curta vida, bêbedos de sono. Ouvi a voz sonante da minha mãe chamando-me a atenção, quando lhe cheirou a queimado. Nessa altura parei um pouco e passei a guiar-me pela lanterna do meu velho telemóvel, a minha caixinha de segredos.
Os meus músculos resmungavam de dor (dessa praia companheira do cansaço), desci o vidro e apanhei o ar. A meu lado havia de tudo, desde o casal apaixonado num interessante jogo de mãos e olhares sedutores, a discussão entre os irmãos, o desleixado que saltava de faixa em faixa lutando contra a arrebatadora pressa. E muitos dos outros, assim como eu bêbedos de sono, deixavam cair a testa no volante do automóvel.
E bêbeda de sono, apercebi-me do quão confortável estava na minha nova e fresca realidade, despi todo o escárnio e prometi a mim mesma que iria tornar-me numa melhor pessoa. Mas para já, com decisões tomadas e limites desenhados. Está feito meu caro.
Está maravilhoso, adorei !
ResponderEliminaradorei adorei adorei!
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