A (nossa) inconsciente e deliberada fuga estava agora a começar, ali sentados num banco de autocarro, sem destino, mas juntos - João Frederico
Seguimos lado a lado, sentados nos desconfortáveis bancos do autocarro. Sentia o rubor no meu rosto e a timidez que me assombrava impedia-me de confrontar o teu olhar, com medo do verde traquina que tanto te confortava. Esse teu olhar que visionava o mundo na palma da mão. Por momentos senti os teus olhos a queimaram-me, como se lançassem fogo! E aí também eu ganhei coragem e olhei-te! Vi o tudo e o nada dentro de ti.
De rompante deste-me um toque no braço:
-Olha, por favor. Deixas-me passar? Vou sair na próxima paragem – Ah, raciocina, próxima paragem. Flores, qualquer coisa com flores. Margaridas! Avenida, Avenida das Margaridas!
-Sim sim, claro. Espera um pouco. – Levantei-me rapidamente e embalei-me pelo carrossel que era o autocarro. Um sobe e desce de suores e excitação. Oh que estava eu a fazer? Concentrei-me, um , dois , três ! Fiquei a admirar a tua destreza e vi-te sair pelas portas do amarelado autocarro, naquela que era a Avenida das Margaridas …
Fiquei em pé no autocarro, as pernas não se queriam sentar, pelo contrário, queriam correr atrás de ti. Entrara naquela viajem absorvida pelo teu perfume ! E tudo aquilo era por tua causa! Para onde iria eu sem ti?
-Oiça, por favor ! Pare o autocarro.
-Sente-se, não pode estar em pé !
-Por favor, eu tenho que sair. Pare o autocarro – E o motorista sedento de vida, encantado com o meu desespero, abriu as portas do veiculo.
-Saía depressa.
Matei caminho e fui em contra-mão até avistar algo que se assemelhasse ao teu vulto, à tua figura, ao teu cheiro! Algo que me consumisse mais um pouco, algo que me matasse, o veneno para o qual eu ansiava. O vírus para curar a doença que se tornou o teu odor. Até que :
-Espera por mim! Espera um pouco – corri como se as minhas pernas pertencessem a Obikwelu e a minha alma Deus! – E então paras-te , eras tu! Ali sorrindo e esperando por mim.
-Acalma-te, eu espero – Disseste tu com um sorriso trocista, como se sempre soubesses q aquilo ia acontecer, que eu correria por ti, vezes sem conta.
E quando eu te iria arrancar o teu escarnecedor sorriso e contar-te uma história sobre alguém que acha que o destino é uma treta e que luta pelo que quer. E neste momento tu eras a luta !
Mas então o telefone tocou:
-Sim Mãe, sim eu sei. Mas (…) Está bem, vou já mãe. Adeus
E quando levantei o olhar para voltar a encontrar-te! Puff, desapareces-te com o vento. Obrigada destino, a sério. Obrigada. Conseguis-te dar-me vida e voltar a tira-ma cerca de 180 minutos, e 32 segundos depois.
FICO À ESPERA JOÃO !
Fantásticos! Estou adorar. Continua, Raquel, e bem, com o João, também. MIL BEIJOS!
ResponderEliminarQue lindo, adorei *.*
ResponderEliminarTambém te vou seguir.