A Ruiva vai voltar !

Penso em coisas que ninguém pensa, vejo fantasmas que ninguém vê, sinto tormentos ainda por descobrir, e cheiro aquele aroma a canela, cheira tão bem e é tão intenso que o sinto no meu paladar, e canela conjuga tão bem com pastel de nata, apenas um, revoltoso, sozinho.

 E é assim que ando perdida , sem norte . A ser diferente, a ser a estranha, a descobrir o desconhecido que vivia comigo e eu não dei conta da sua presença, decidi voltar para casa. Peguei no meu minhau , fiz as malas, vesti o meu vestido mais bonito, os sapatos altos que matavam os meus pés, mas que me faziam sentir idolatrada por todo o mundo !

Esperava sentir-me bela, mas não, senti-me ainda pior que antes. Resolvi depois desfazer as malas e vestir-me de tal modo maltrapilho, que salientava todos os meus pormenores feios.

 Não importava, ia voltar a viver no andar da esquina, ia ser de novo a Ruiva do andar da esquina, e não a Ruiva que anda perdida , sem ninguém que dê pela sua falta.

( A não ser as suas doidas, que não lhe retribuíam um telefonema, por isso não sei se contam para a lista de pessoas que sentem a sua falta, talvez só a sua mãezinha é que sinta a sua falta)