Ana Sofia Gregório |
Mas agora faltava-lhe a motivação, faltava-lhe o pôr-do-sol ao fim do dia, e a luz da lua, faltava-lhe a Ruiva, sabia o nome dela, sabia bem, escrevia-o todas as noites no céu com tinta brilhante, Clara, clara, clara. Fazia-lhe lembrar ovo, casca de ovo, o quão frágil era casca de ovo, e graças à sua capacidade de observar , sabia que a Ruiva era tudo menos frágil, era poderosa, era alguém entre tantos... Ruiva é um nome bem mais poderoso, decidiu chamar-lhe assim .
Acabou por partir, não sabia bem para onde, mas graças aos seus meios de investigação acabou por saber que ela simplesmente tinha partido, sem norte. E depois de tanto se questionar e esperar (coisa que era rara, neste malabarista de palavras, de laranjas, de paixão). Partiu também ele, com nada, sem tudo ...
Acabou por chegar ao teatro (foi o que lhe disseram, ela gostava de teatro, não de representar, mas de ver, de sentir, de respirar, aquele lugar foi mais um dos seus palpites combinados com a informação preciosa que lhe dera uma das loucas amigas da Ruiva).
Acabou por fazer daquela outra arte, mais um pouco da sua vida. Não sobressaia, mas também não o queria, era graças a ele que quem devia brilhar, reluzia entre os restantes ... Aprendeu a amar e mais uma vez a viver dos actos, das cenas, dos musicais, dos dramas, de tudo e mais uma vez de nada ... Espera todas as noites, por ver um longo cabelo ruivo, via muitos ao longo das noites, mas nenhum pertencia aquela poderosa Clara.
"Partiu também ele, com nada, sem tudo ..." gosto :D
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