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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Delírio indomável

Ela tinha embatido contra ele, colidira, esbarrara, chocara, tinha tantas palavras em sua mercê, mas nenhuma delas tinha capacidade de adjectivar aquilo que tinha acontecido numa fracção de segundo. Ela tinha chocado com ele e com o seu ar despreocupado, com o sorriso do seu olhar e com a expressão do seu rosto, a feição traiçoeira que a levava a pôr tudo e todos em causa. Naquele momento os seus joelhos vacilaram e os seus pés oscilaram, como se bailasse na Broadway. Sentiu-se a Cinderela do seu conto de fadas e ansiava por perder o sapatinho de cristal. Quando posou os olhos no seu sorriso, viajou, viajou por entre caminhos nunca antes explorados e pisou solos nunca antes pisados, fora o feitio da liberdade, tivera a sabedoria dos antigos e fora a filosofia de uma vida.
Mas ela, ela partiu-lhe a bússola, rasgou-lhes os mapas, deixou-o sem planos, tirou-lhe a orientação deixando-o perdido, perdido por entre fios de cabelos selvagens e pelo seu sorriso envergonhado, que lhe alvejou o peito, ferindo-lhe o seu coração de pedra, coração que nunca antes tinha amado.
A ampulheta que contava o tempo, a que prendia as areias dos desertos, a que assegurava que os dias, os meses e os anos de uma vida decorresse como o previsto, como os Deuses assim o escreveram, sendo o teor da humanidade. As areias que ai estavam presas, pararam, pararam por breves instantes, quando o olhar dele ficou acorrentado ao dela por correntes de aço, hipnotizaram-se como se por magia e talvez seja isso que aconteceu, magia, puro encanto e fascínio pelo desconhecido ...
Na realidade ficaram ali fracções de segundo, até que voltaram á acordar daquele feitiço que viveram para continuarem o seu caminho, mas ambos visualizaram algo sobrenatural, vida, paixão, raiva, melancolia, liberdade, amor ... Sentiram um delírio indomável! Continuaram ambos o seu caminho, não deixando qualquer marca ou contacto, ela tinha ficado apenas com o som da voz rouca dele quando lhe disse: - Desculpa, estás bem? Ela queria responder-lhe, mas a sua língua enrolou-se, como as ondas no mar, numa noite tempestuosa, e desistindo de falar, acenou com a sua cabeça e sorriu para ele, ele retribuiu-lhe com um sorriso tímido e continuaram os seus caminhos, percorreram vinte metros que se assemelharam a dois mil, e ambos olharam para trás, sorriram de novo, sabendo que o destino se iria encarregar de os juntar de novo .

1 comentário:

  1. Parece que sou o 1º ahah
    Olha, gostei mesmo do texto. (Eu não tenho jeito pa tar a comentar mas prontos).

    Assinado: Rato ;)

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