Sentir

Ela caminhava serenamente, sentia os seus pés descalços na calçada suja e fria, mas não se importava. Acordara naquela manhã quente, quando o sol já há muito brilhava no céu, não se lembrara de quem era, onde pertencia, o que era suposto fazer?

Tinha vestido algo desconhecido ao seu corpo, não era habitual trajar vestidos, mas aquele pedaço de tecido branco realçava as curvas do seu corpo.

Sentia-se como um bebé, acabado de nascer e a única coisa de que precisava agora , era do carinho maternal, de ser protegida e embalada pelos seus progenitores, mas naquele momento, desconhecia tudo e todos, era um mundo novo, em seu redor ... Desconhecia paixão, amor, saudade, inveja, ódio, melancolia, desconhecia todo aquele mundo ilusório e abstracto, aquilo que não vê, não se sente e não se cheira, no entanto é omnipotente.

Continuava a jornadear pelas largas ruas, não sabia ao certo onde estava, poderia ter mil pessoas a seu lado, mas sentia-se integralmente só, a cada passo que dava, as dores nos seus pequenos pés começaram a cessar lentamente, começara a caminhar por entre algo tão suave como algodão doce. Abriu os olhos e deparou-se com um caminho relvado a seus pés e com um belo lago que aflorava no chão.

Molhou os pés na gloriosa água fresca e ficou ali ... Queria descobrir e decifrar aquele verbo para si desconhecido, aquele que leva ao amor eterno, á paixão assolapada ou ao ódio desenfreado ... Sentir ... Sentimento ... Não sabia bem uma definição, mas precisava daquilo, do quer que seja, bom ou mau ... Precisava de sentir, para viver!