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terça-feira, 9 de março de 2010

Mergulho

A manhã estava fria, a floresta em seu redor transparecia algo mais que frieza e nostalgia. O céu estava coberto de nuvens escuras como breu. E as folhas das árvores esvoaçavam de um modo repentino. Ela caminhava calmamente, apesar de aquele cenário lhe transmitir um certo medo agonizante, caminhava devagar, não sabendo bem para onde ir, queria ter o caminho gravado na palma da sua mão, queria segui-lo austeramente como sempre fizera ao longo dos anos, que voavam com uma ligeireza imperceptível. Queria ter um plano, caso algo não decorresse como o previsto … Mas não tinha, nem caminho, nem plano. Tinha apenas as suas roupas frescas, que voluteavam ao sabor do vento.

Mas bastou uma fracção de segundo para pôr os olhos num trilho de terra batida. Meditou um pouco, e pôs em causa afastar-se do trilho e continuar a andar por entre a relva molhada, e todas aquelas ervas daninhas. Mas pôs de parte essa ideia logo que os seus pés feridos, lhe começaram a causar uma dor intolerável. , e então virou para o trilho, com esperança de avistar uma estalagem. Mas não estava nenhuma estalagem nem no primeiro, nem no segundo, nem no terceiro plano de visão.
Mas então mais á frente deparou-se com o que parecia ser um desmedido espelho que aflorava no chão. Mas á medida que se aproximava, apercebia-se que o grande espelho brilhante, não passava de um lago, que resplendecia com as poucas réstias de sol que o trespassavam.

Sentiu-se derrotada ! Á minutos atrás chegou a encarnar uma pessoa vitoriosa quando avistou o trilho, e o grande espelho. Mas agora um sentimento de derrota apoderava-se dela. Sentou-se na margem, e descalçou-se molhando os pés na baça e gélida água do lago. Na sua mente relembrava vozes, risos, fotografias, vídeos, vozes. Mas no entanto sentia-se integralmente só, pensava em desistir, e começou por despir aquele seu desconfortável vestido de cor amarela, e os sapatos, que tanto magoaram os seus pequenos pés.

E então, pela primeira vez, esqueceu os planos e mergulhou … deu duas braçadas, e quando veio ao de cima, viu um campo de relva verdejante corrido de flores, viu uma estalagem, viu um grande e brilhante espelho, que reflectia a sua imagem, os seus olhos âmbar, mais hipnotizantes que nunca, e o seu cabelo, mais liso e brilhante… Viu um arco íris e um sol resplandecente, ouvia uma musica de fundo que lhe enchia a alma de ternura … Nessa altura, sentiu-se mais acompanhada que nunca, mas nada de aquilo lhe parecia real, como se tudo se baseasse num sonho, sentia-se como se estivesse numa plataforma de tal maneira frágil, que se confundia com um suporte de papel.

E então quando se virou para trás, deparou-se com um lago escuro e baço, com a floresta tenebrosa e com o céu escuro… E apesar de o espelho brilhante a seduzir muitas vezes mais, decidiu voltar para trás, e fechou os olhos enquanto caminhava em direcção ao lago.

Quando deu por si, tinha em seu redor caras desconhecidas, tremia de tanto frio devido ao facto de estar nua, queria tapar-se mas faltavam-lhe as forças, e então fechou os olhos de novo …
Só mais tarde se apercebeu do que estava a acontecer , sem nunca ter percebido se aquele acontecimento fora o fim ou o principio de uma nova fase.

2 comentários:

  1. Profundo, intenso, espantoso...
    Simplesmente não tenho adjectivos suficientes para descrever o teu talento para a escrita.
    Consegues ser clara e concisa, mas profunda e pura ao mesmo tempo, por isso nunca desistas e continua a escrever...até á lua


    Muitos beijinhos Sara:D

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  2. quando começas a escrever uma simples frase, basta uma frase, para conseguires levar me a mim e toda a gente, até à lua, meu anjo.
    ass: xuxu

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