Sonho

Estava deitada de barriga para cima. Sentia a relva molhada nas minhas pernas nuas e o sol quente a queimar-me o rosto. O cheiro a maçãs inundava o ar. Era um aroma refrescante, suave e doce … Tão doce que por pouco não o saboreava. O sono começava a pairar sobre a minha mente, queria ficar acordada, queria o aroma a maçãs, queria a frescura do ar, queria as pernas geladas, e o meu cabelo solto e selvagem... Mas os meus olhos começavam a pesar, pensei em fecha-los por 2 minutos, mas esses minutos foram mais longos que o esperado e quando dei por mim:

Nadava por entre recifes de todos os tons possíveis de imaginar
Corria por planícies verdejantes até ficar sem ar
Trepava árvores e apanhava flores
Eram sorrisos e olhares de tantas cores
Balançava como se dependesse da dança para viver
Consegui o que sempre quis após tanto nisso crer
Explorei savanas enquanto voava
Descobri os segredos que tanto desejava
Conheci o mundo de norte a sul
Explorei a imensidão de céu azul
Tive tudo se uma maneira ilusória
Mas subi ao topo e conquistei a glória
Estive presa numa encruzilhada
Morri e renasci numa cruzada
Lutei, lutei , lutei … Venci, venci, venci !

Abri os olhos. O aroma a maçã inundava o ar, era tão intenso… Como se por pouco não substituísse o oxigénio, causando-me uma forte dor de cabeça, reparei nisso quando me tentei levantar e faltou-me as forças. As minhas pernas que antes estavam nuas e geladas, agora estavam quentes e com uma certa vermelhidão assim como o meu rosto e todos os pedaços do meu corpo que estiveram ao sol , o meu cabelo seco, os meus lábios escaldados e o meu vestido de seda branca amarrotado. Sentia-me num estado lastimável, lastimável mas feliz! Feliz por ter nadado, corrido, trepado, dançado, conhecido, conseguido, conquistado, lutado e por fim acordado com a primorosa fragrância a maçã que pairava no ar.

Com algum custo, levantei-me e trepei a árvore, procurei a maçã mais apetitosa, cheirei-a e provei-a, era doce mas com um travo sofro. Arrepiei-me e dei mais duas trincas enquanto descia da árvore e dirigia-me a casa !